Já faz um bom tempo que a aprendizagem vem atravessando uma fase de transformações, principalmente nas formas de se pensar e fazer educação. O entendimento da necessidade de participação mais ativa dos estudantes nos processos de ensino foi um dos motores para que a comunidade passasse a identificá-lo não mais como mero ouvinte e replicador de conhecimento, mas sim como protagonista!

Dentro dessa ideia de trazer inovações para a sala de aula, nascem novas metodologias e maneiras para melhorar ainda mais a jornada e o processo de ensino e aprendizagem nas instituições. Por aqui já abordamos algumas dessas metodologias, que você pode conferir clicando aqui.

Hoje vamos falar um pouco mais sobre a teoria da aprendizagem experiencial, ou aprendizagem por experiência, e como essa metodologia pode revolucionar as suas aulas.

Aprendendo com a realidade

Foi nos anos 70 que o doutor em educação, David Kolb, apresentou ao mundo sua mais nova teoria: a aprendizagem experiencial, que defende a ideia de que a utilização da realidade enquanto experiência de vida é extremamente benéfica para o processo educacional.

Segundo Kolb, a experiência é central para o desenvolvimento do homem, levando em consideração que é um ser integrado ao meio natural e cultural, ou seja, é capaz de aprender quando reflete sobre suas experiências. Isso faz muito mais sentido quando pensamos, por exemplo, nos relacionamentos individuais (sejam eles românticos, ou não), em que sempre buscamos tirar lições e aprendizados a partir de nossas vitórias e derrotas.

“O conhecimento é um processo de transformação, sendo continuamente criado e recriado... A aprendizagem transforma a experiência tanto no seu caráter objetivo como no subjetivo... Para compreendermos a aprendizagem, é necessário compreendermos a natureza do desenvolvimento, e vice-versa.”

Em suma, a teoria criada por Kolb é alicerçada pela ideia de que apenas escutar explicações e ler conteúdos prontos é uma técnica não apenas ultrapassada, mas ineficaz quando idealizamos a aprendizagem significativa. Em substituição ele propõe a experimentação dos conteúdos como forma de desenvolvimento cognitivo, crítico e criativo. Ele afirma ainda, em sua teoria, que:

"Aprender é o processo pelo qual o conhecimento é criado através da transformação da experiência."

Ciclo da aprendizagem experiencial: etapas fundamentais

Para exemplificar melhor como funciona a aprendizagem experiencial na prática, Kolb desenvolveu um ciclo de quatro etapas, chamado de Ciclo de Aprendizagem.  Esse ciclo começa a partir do momento que o aluno se envolve em uma atividade específica, passando a refletir sobre a experiência que teve e interpretar os significados dessa reflexão. Por fim, ao passar por essas três fases de aprendizagem, ele coloca em prática a sua percepção através da transformação da sua opinião, do seu comportamento ou de determinada atitude.

Etapa 1 - Ação (Experiência concreta)

Nesse primeiro momento o estudante é apresentado a uma atividade ou uma experiência, que seja significativa e relacione-se com o conteúdo proposto. É claro que, quanto mais próxima essa experiência for da realidade do aluno, mais chances de que ele passe para a próxima etapa com sucesso.

Para isso, Kolb propõe que o professor utilize situações que fujam do tradicional da sala de aula, por exemplo:

  • Trabalhos de campo, como excursões e viagens da turma (pensando em uma aula de biologia, uma dica seria uma excursão ao jardim  botânico, por exemplo);
  • Recursos de simulação da realidade, como imersões de realidade virtual ou aumentada.

Etapa 2 - Reflexão (Observação Reflexiva)

Essa é a etapa em que o aluno assimila tudo que vivenciou e experienciou na primeira fase, e passa a refletir sobre isso, tanto de forma individual quanto coletiva (lembrando sempre que a troca de experiências entre os alunos é fundamental).

Dessa forma, ele consegue desenvolver suas perspectivas, levantando hipóteses, descobrindo argumentos e sendo crítico sobre o que viu e/ou ouviu. Para essa etapa, algumas possibilidades podem ser:

  • Grupos de discussão da turma para troca de conhecimentos;
  • Escrita de um texto sobre sua experiência.

Etapa 3 - Conceitualização (Conceitualização Abstrata)

Todo o conhecimento adquirido durante os processos de ação e reflexão devem agora começar a transpassar a experiência que o aluno viveu, para que ele consiga aplicá-lo em diferentes contextos. Para isso, deve-se estimular as comparações e análises lógicas apresentando novas experiências, para que os conhecimentos sejam colocados à prova.

Etapa 4 - Aplicação (Experimentação Ativa)

A última etapa é a aplicação efetiva dos conhecimentos angariados ao longo de todo o processo em diversas situações diferentes, ou seja, é a prova real de que esse conhecimento pode ser replicado tanto em simulações quanto em situações reais do dia a dia.

Estimulando a criação de um projeto coletivo, por exemplo, o professor fornece ferramentas tanto para que os aprendizados sejam desenvolvidos e aplicados, quanto para a troca entre os colegas.

Benefícios diretos para a educação

  1. Estudante mais envolvido no processo: Justamente por se basear na prática como facilitadora do conhecimento, ao dar preferência a experimentação em detrimento da explicação, o professor oferece ao aluno um ferramental muito maior, e mais próximo da realidade dele, para interpretar os conteúdos e, assim, ser capaz de desenvolver seu pensamento crítico.
  2. Mudança no papel do professor: A partir do momento que as metodologias ativas passam a fazer parte do processo de ensino e aprendizagem das Instituições de Ensino, transforma-se concomitantemente o papel do professor em sala de aula. Agora, deixando de lado a posição de transmissor de conhecimento (o que pressupõe que o aluno seja apenas um recipiente) para um agente estimulador de pensamento crítico que fornece aos alunos ferramentas para que eles desenvolvam-se por si.
  3. Instituição ganhando visibilidade no mercado: Como já mencionamos anteriormente, a grande oferta de instituições e a nova personalidade do consumidor educacional fizeram com que as exigências na hora de optar pela universidade se modificassem. Dentre essas exigências está justamente o nível de inovação que esse aluno terá ao longo do curso, seja ela tecnológica, estrutural ou pedagógica. Portanto, quanto mais atualizada e inovadora for a instituição, mais chances ela terá de se destacar entre as demais e, por consequência, conseguir captar e reter estudantes com muito mais facilidade.
  4. Amadurecimento da gestão: Para implementar as inovações é necessário que a gestão desempenhe um papel fundamental, desde a contratação, treinamentos, administração e acompanhamento dos processos. Pensando nisso, para atingir um nível de excelência em termos de inserção das tecnologias, se torna essencial que os gestores desenvolvam-se para criar estratégias eficazes. Quanto mais inovações vão sendo testadas, aprimoradas e efetivamente implementadas, mais madura vai sendo essa gestão.